terça-feira, 4 de maio de 2010

Pinheiral, 04 de maio de 2010
Querida Mamãe,
Lembra deste poema?
Ah! Que saudades!...
A Senhora gostava tanto de ouvi-lo quando eu o lia!
Desde a primeira vez que o li para a Senhora, na Fazenda do Senhor Jesus – em Campinas – SP, em 1984, tenho lido este poema de Ghiaroni... E, a cada ano que passa, ele me remete a um sentimento diferente e inexplicável, que cresce; e se transforma; e se agiganta e se aprofunda mais e mais dentro de mim. Quanto mais leio este poema – a cada ano, mais ele me mostra “um” significado diferente do que seja o verdadeiro AMOR... Mas o principio partiu da Senhora Minha Mãe Querida!... “Sentimento que predispõe alguém a desejar o bem de outrem... Sentimento de dedicação absoluta de um ser a outro ser... Sentimento de afeto ditado por laços de família... Sentimento terno ou ardente de uma pessoa por outra, e que engloba também atração física... Amor passageiro e sem conseqüência; capricho... Afeição, amizade, carinho, simpatia, ternura... Muito cuidado; ciúme, zelo, carinho ao objeto do amor... E acima de tudo: - Adoração, Veneração, Culto e Amor a Deus”. Tudo isso a Senhora nos ensinou... E a cada ano, neste dia dedicado a todas as Mães do Mundo, volto a lê-lo; e volto a sentir que no meu coração, o lugar que Senhora ocupou, jamais ficará vazio porque seus ensinamentos sobre AMOR o preenchem e transbordam!... Mais uma vez, obrigado Mamãe!...

Nota do autor: Minha Mãe partiu em 12 de setembro de 1986.


DIA DAS MÃES

Autor: Giuseppe Ghiaroni
I
Mãe! Eu volto a te ver na antiga sala,
onde uma noite te deixei sem fala
dizendo adeus como quem vai morrer.
E me viste sumir pela neblina,
porque a sina das mães é esta sina:
amar, cuidar, criar, depois... Perder.
II
Perder o filho é como achar a morte.
Perder o filho quando, grande e forte,
já podia ampará-la e compensá-la...
Mas nesse instante uma mulher bonita,
sorrindo... O rouba! E a velha mãe aflita,
ainda se volta para abençoá-la!...
III

Assim parti... E nos abençoaste.
Fui esquecer o bem que me ensinaste.
Fui para o mundo me deseducar.
E tu ficaste num silêncio, frio...
Olhando o leito que eu deixei vazio...
Cantando uma cantiga de ninar!
IV

Hoje volto coberto de poeira
e te encontro, quietinha na cadeira,
a cabeça pendida sobre o peito.
Quero beijar-te a fronte, e não me atrevo.
Quero acordar-te, mas não sei se devo,
não sinto que me caiba este direito.
V

O direito de dar-te este desgosto,
de te mostrar nas rugas do meu rosto
toda a miséria que me aconteceu.
E quando vires e expressão horrível
da minha máscara irreconhecível,
minha voz rouca murmurar:''Sou eu!"
VI

Eu bebi na taberna dos cretinos;
eu brandi o punhal dos assassinos;
eu andei pelo braço dos canalhas.
Eu fui jogral em todas as comédias;
eu fui vilão em todas as tragédias;
eu fui covarde em todas as batalhas.
VII

Eu te esqueci: as mães são esquecidas...
Vivi a vida, vivi muitas vidas,
e só agora, quando chego ao fim,
traído pela última esperança...
E só agora, quando a dor me alcança:
Lembro de quem nunca se esqueceu de mim...
VIII

Não!... Eu devo voltar... Ser esquecido...
Mas, que foi? De repente ouço um ruído;
a cadeira rangeu; é tarde agora!...
Minha mãe se levanta abrindo os braços
e, me envolvendo num milhão de abraços,
rendendo graças, diz:"Meu filho!", e chora.
IX

E chora... E treme... E como fala e ri...
E até parece que Deus entrou aqui,
em vez de o último dos condenados.
E o seu pranto rolando em minha face...
Quase é como se o Céu me perdoasse
e me limpasse de todos os pecados.
X

Mãe! Nos teus braços eu me transfiguro.
Lembro que fui criança, que fui puro.
Sim, tenho mãe! E esta ventura é tanta.
que eu compreendo o que significa:
- O filho é pobre... Mas a mãe é rica!
- O filho é homem... Mas a mãe é santa!
XI

Santa que eu fiz envelhecer sofrendo,
mas que me beija como agradecendo
toda a dor que por mim lhe foi causada.
Dos mundos onde andei nada te trouxe,
mas tu me olhas num olhar tão doce
que , nada tendo, não te falta nada.
XII

Dia das Mães! É o dia da bondade...
Maior que todo o mal da humanidade
purificada num amor fecundo...
E por mais que o homem seja um ser mesquinho...
Enquanto uma Mãe cantar junto a um bercinho...
- Cantará a Esperança para o mundo!...